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Ataxia:

SCA8 (Ataxia Espinocerebelar Tipo 8)

GENES RELACIONADOS:

ATXN8, ATXN8OS

TIPO DE MUTAÇÃO:

ATXN8, ATXN8OS -> Mutação por expansão CTG e CAG

LOCALIZAÇÃO:

Cromossoma 13. ATXN8 em (13q21), ATXN8OS em (13q21.33)

HERANÇA:

Autossômica Dominante

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:

12/01/2024 por Márcio Galvão

Ficha SCA8

1. SOBRE A SCA8

A ataxia espinocerebelar tipo 8 (SCA8) é um dos tipos de ataxias dentro de um grupo de doenças hereditárias do sistema nervoso central. Assim como várias outras ataxias hereditárias, a SCA8 é o resultado de defeitos (mutações) genéticas que levam ao comprometimento de fibras nervosas específicas que carregam mensagens do e para o cérebro, resultando em degeneração do cerebelo (o centro de coordenação do cérebro) [1].

A ataxia SCA8 foi inicialmente descrita em um artigo de pesquisa em 1999, tendo sido descoberta por um grupo de pesquisadores liderados pela Dra. Laura Ranum [7]. Na maioria das ataxias espinocerebelares que já haviam sido identificadas antes da SCA8 (as ataxias SCA1, SCA2, SCA3, SCA6 e SCA7) os sintomas eram causados por repetições expandidas do nucleotídeo CAG (que forma o aminoácido glutamina) em diferentes genes, ou seja, todas estas eram doenças PolyQ, onde existe um número excessivo de glutaminas repetidas nas proteínas sintetizadas pelos genes com mutação.

 

A SCA8 foi a primeira ataxia espinocerebelar a ser descoberta causada por uma expansão diferente da CAG, e envolvendo dois genes diferentesambos localizados no cromossoma 13 (ver Figura 1 na Seção 5. Herança):

  • No gene ATXN8OS, a expansão de repetições é dos nucleotídeos CTG (Citosina, Timina, Guanina).

  • No gene sobreposto ATXN8, codificado pela fita oposta de DNA, a expansão de repetições é dos nucleotídeos CAG (Citosina, Adenina, Guanina).

Assim, para resumir dizemos que a SCA8 envolve "repetições CTG·CAG expandidas nos genes ATXN8OS/ATXN8".

O número excessivo de repetições CTG em função de mutação no gene ATXN80S resulta em proteínas mal formadas, que têm efeitos tóxicos para as células, criando problemas de transcrição (a transcrição é o processo pelo qual a informação genética contida no DNA é copiada para formar uma molécula de RNA), além de prejudicar outras funções celulares críticas como a autofagia, afetar o sistema Ubiquitina-Proteassoma (essencial para a homeostase adequada de proteínas) e a transmissão sináptica [7], Há também riscos de erros de tradução do RNA gerando proteínas RAN ("Repeated Associated Non-AUG Translation") que são tóxicas para as células (ver Seção 7. Informações Adicionais). Eventualmente estas disfunções podem causar a morte dos neurônios no cerebelo,  Esta perda neuronal é tipicamente verificada através de exames de imagem que mostram atrofia cerebelar, e é a causa dos sintomas da ataxia.

 

Uma característica importante da SCA8 é que a maior parte dos indivíduos que possuem estas expansões de repetições de trinucleotídeos CTG·CAG nos genes ATXN8OS/ATXN8 não desenvolvem a doença. Em um importante estudo conduzido por Barbara A Perez e equipe [9] verificou-se que em 82% das famílias estudadas apenas um indivíduo apresentava sintomas da doença SCA8, embora outros membros da família também apresentassem a expansão de repetições CTG·CAG. Em um grupo menor das famílias estudadas (5%) os pais que continham a mutação genética não foram afetados (não tinham sintomas da SCA8), mas vários filhos desenvolveram a doença. Estes achados sugerem que há outros fatores genéticos ou ambientais além da presença da expansão de repetições CTG·CAG nos genes ATXN8OS/ATXN8 que contribuem para determinar se um indivíduo vai desenvolver sintomas da SCA8 ou não. Um destes fatores seria a existência de interrupções CCG•CGG dentro da repetição expandida CTG·CAG (ver Seção 7. Informações Adicionais).

A penetrância bastante reduzida (que faz com que a maioria dos indivíduos portadores da mutação não apresentem sintomas) é um dos aspectos mais surpreendentes da ataxia SCA8. Estes portadores assintomáticos podem entretanto transmitir a mutação para seus filhos, que por vez podem desenvolver sintomas. Assim, muitos pacientes com sintomas de SCA8 não têm histório familiar de ataxia, o que é atípico em doenças com herança autossômica dominante e torna mais difícil o diagnóstico da SCA8. Para mais informações, ver Seção 5. Herança.

2. SINTOMAS TÍPICOS

Os sintomas típicos da SCA8 incluem ataxia cerebelar de progressão lenta, geralmente iniciando na terceira a quinta década de vida, e também as seguintes manifestações clínicas [5]:

  • Ataxia de marcha e dos membros.

  • Disartria caracterizada por lentidão prolongada na fala.

  • Anormalidades nos movimentos oculares (por exemplo, nistagmo, perseguição anormal e sacadas anormais)

  • Com a progressão da doença podem se manifestar também "sinais extracerebelares" incluindo:

    • Achados do neurônio motor superior (por exemplo, reflexos tendinosos rápidos, espasticidade e sinal de Babinski)

    • Sinais extrapiramidais (por exemplo, tremor, distonia e ocasionalmente características semelhantes ao Parkinson)

    • Sinais associadso ao tronco encefálico (por exemplo, disfagia, problemas para tossir)

    • Neuropatia sensorial (por exemplo, perda de sensação e perda de reflexos tendinosos em membros distais)

    • Características cognitivas (por exemplo, disfunção executiva, lentidão psicomotora e outras características do transtorno cognitivo-afetivo cerebelar em alguns casos)

 

A progressão da SCA8 é lenta, ocorrendo em geral durante décadas, sem ser afetada pela idade do surgimento dos sintomas. A expectativa de vida não é afetada [5]

Patologia e aspectos clínicos 

Para uma relação mais técnica dos sintomas e aspectos clínicos usuais da SCA8 e informações de patologia (quais partes do sistema nervoso central são geralmente afetadas, e quais danos ou disfunções são verificados em nível celular), ver seções Clinical Features e Pathology respectivamente no portal Neuromuscular [4].

3. IDADE DOS SINTOMAS

Apesar do início dos sintomas ser tipicamente na idade adulta (em geral entre a terceira e a quinta década de vida), a idade de surgimento dos sintomas (onset) pode variar do nascimento até os 73 anos de idade [5].  A idade exata de início dos sintomas pode variar de pessoa para pessoa, mesmo dentro de uma mesma família.

4. ANTECIPAÇÃO

A fonte [5] informa que não foi observada correlação entre a quantidade de repetições CTG·CAG e a idade de aparecimento dos sintomas (onset), ou a severidade da doença. Entretanto, embora na SCA8 a quantidade de repetições CTG·CAG nos genes ATXN8OS/ATXN8 isoladamente não pareça afetar a idade de surgimento dos sintomas, pacientes com interrupções CCG ou CGG dentro da repetição expandida CTG·CAG apresentam maior risco de desenvolver a doença (maior penetrância), e ocorre também maior probabilidade de ocorrer a antecipação dos sintomas.  

 

A existência destas interrupções torna a mutação mais tóxica para as células (ver Seção 7. Informações Adicionais). Vale ressaltar que neste caso a idade do surgimento dos sintomas está inversamente correlacionada com o número de interrupções CCG•CGG (quanto mais interrupções, mas cedo surgem os sintomas), e não com a quantidade de repetições CTG·CAG.

5. HERANÇA

A SCA8 é uma doença com herança autossômica dominante. Isto significa que indivíduos de ambos os sexos têm a mesma probabilidade de herdar uma cópia (alelo) do gene com mutação e se tornarem portadores da mutação. Um filho de uma pessoa com SCA8 tem uma probabilidade de 50% de herdar uma cópia do gene alterado (considerando que apenas um dos pais é portador da mutação, ou seja, a mãe ou o pai biológico).

Dominante, mas pode parecer recessiva ou mesmo esporádica

A SCA8 é geneticamente mais complexa dos que as outras SCAs em dois sentidos. Primeiro, a doença envolve mutações em dois genes diferentes - os genes ATXN8 e ATXN8OS - com expansões de repetições nos nucleotídeos CTG e CAG. Além disso, como mencionado, a SCA8 tem baixa penetrância. Isto significa que nem todas as pessoas que herdarem os genes mutantes vão desenvolver a doença. Podem inclusive surgir casos de SCA8 em uma pessoa sem que exista histórico familiar (outros parentes afetados, da mesma geração ou de gerações anteriores). Neste sentido, a SCA8 pode ser confundida com uma ataxia esporádica ou recessiva, enquanto ainda se busca um diagnóstico. (ver Seção 7. Informações Adicionais).

Faixas de expansão para a SCA8

Uma dificuldade em reproduzir as faixas de expansão que podem causar a ataxia SCA8 é que faixas diferentes são citadas por diferentes fontes. Como referência, vamos citar algumas faixas documentadas em referências importantes consutadas para esta ficha técnica. Relembrando:

  • As repetições CTG expandidas ocorrem no gene ATXN80S

  • As repetições CAG expandidas ocorrem no gene ATXN8

​De forma bastante resumida, a fonte [2] informa que:

  • Normal: Pessoas com 15 até 50 repetições tendem a não desenvolver a doença.

  • Expandida: Pessoas com aproximadamente 80 até 1300 ou mais repetições estão em maior risco de desenvolver os sintomas da SCA8 (mas podem permanecer como portadores assintomáticos).

fonte GeneReviews [5] apresenta as seguintes faixas:

  • Normal: De 15 até 50 repetições  

  • Penetrância mais elevada (maior risco): Pode ocorrer de 54 até 250 repetições. Entretanto, há casos de indivíduos com repetições variando de 71 até mais de 1300 repetições que desenvolveram a doença, enquanto outros não desenvolveram a doença. 

Já em um webinar recente sobre a SCA8 com a Dr. Hannah Shorrock (agosto 2023) [8] foram apresentadas as seguintes faixas de expansão (ver Figura 1):

  • Normal: De 15 até 34 repetições 

  • Intermediário: De 34 até 89 repetições

  • Expandido: De 89 até 250 repetições

A estrutura de DNA humano é composta por duas fitas de nucleotídeos que ficam torcidas na forma de uma hélice dupla. Observe na Figura 1 que na hélice dupla do DNA o gene ATXN80S (onde ocorre a expansão CTG) está em uma fita, enquanto o gene ATXN8 (onde ocorre a expansão CAG) está na outra fita. 

Figura 1 crédito - NAF webinar Research and Treatment Development for SCA8,  Dr. Hannah Shorrock [8].

SCA8 faixas.png

A expansão (CTG·CAG)n é altamente instável e quase sempre muda de tamanho durante a transmissão. A expansão tem a tendência de aumentar durante a transmissão materna, e de se contrair (diminuir) durante a transmissão paterna [5]. Assim, diferentemente do que ocorre em outras ataxias espinocerebelares (SCAs), na SCA8 a penetrância da doença tende a ser maior com transmissão maternal [7].

Nota: "Autossômica" significa que o gene está localizado em qualquer cromossoma com exceção dos cromossomas sexuais X e Y. Os genes, assim como os cromossomas, normalmente existem em pares (temos um par de cada gene, uma cópia do gene é herdada da mãe, outra do pai).  "Dominante" significa que apenas uma cópia do gene responsável (um alelo) herdada do pai ou da mãe é suficiente para transmitir uma característica física (como a cor dos olhos), ou uma doença genética (como as ataxia hereditárias) de uma geração (pais) para a seguinte (filhos). "Mutação" é um termo antigo que ainda é utilizado para indicar uma "variante patogênica" de um gene (isto é, uma variação que pode causar o aparecimento de doenças genéticas.

Figura 2 crédito - A nota acima e a imagem abaixo foram reproduzidas do GARD [3].

6. PREVALÊNCIA

A SCA8 é uma forma de ataxia relativamente rara. Estima-se que sua ocorrência seja menor que 1/100,000. A fonte [5] cita que a SCA8 pode representar entre 2% e 5% dos casos de ataxias com herança autossômica dominante. 

As seguintes informações sobre a prevalência da SCA8 também estão disponíveis em [4]:

  • Representa de 3% a 4% dos casos de ataxias espinocerebelares

  • Comum em: Finlândia

  • Incomum em: Índia, México e Japão

7. INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Como vimos, a ataxia SCA8 é mais complexa pois envolve dois genes e dois tipos de expansão (repetições excessivas) de trinucleotídeos, no caso, as expansões CTG e CAG.  Além disso, as fontes [9, 10] explicam que alguns pacientes podem ter interrupções dentro da sequência que se repete, e que estas interrupções atuam como um modificador genético que pode aumentar o risco do portador desenvolver sintomas. Vejamos o que isto significa. 

Interrupções dentro de expansões

Dentro de uma série de repetições de trinucleotídeos em um gene podem ocorrer interrupções ou variações na sequência. Essas interrupções podem ser de diferentes tipos, incluindo a presença de trinucleotídeos diferentes. Por exemplo, quando ocorre uma sequência CCG no interior de uma sequência de repetições CAG (como em CAG-CAG-CAG-CCG-CAG-CAG), dizemos que há uma "interrupção CCG na expansão CAG". Essas interrupções podem influenciar a expressão do gene e a severidade da doença associada. 

 

Na ataxia SCA8, já foram reportadas interrupções dos tipos CCG,CTA, CTC, CCA e CTT dentro da repetição CTG expandida. As pesquisas [9] revelaram que a ocorrência de interrupções CCG ou CGG dentro da repetição expandida CTG·CAG tem um efeito mais tóxico para as células do que a simples existência das repetições expandidas CTG•CAG sem tais interrupções (Figura 2). Ou seja, estas interrupções aumentam a penetrância da doença, sendo neste caso também maior a probabilidade dos sintomas se manifestarem mais cedo (ver Seção 4. Antecipação).   

Erros de Tradução RAN

Um problema que pode ocorrer em ataxias causadas por repetições expandidas de nucleotídeos são os erros de tradução (a tradução é o processo onde os genes sintetizam proteínas). As proteínas são compostas por sequências de aminoácidos. Quando se lê o RNA gerado a partir do DNA (transcrição), normalmente a sequência é iniciada pelo nucleotídeo AUG (este é o chamado "codon de início").  Assim, a sequência AUG (aminoácido metionina) é um tipo de marcador que sinaliza o início da tradução de uma proteína (o local no RNA onde a síntese de uma proteína deve começar). Quando acontece um tipo de tradução denominado Tradução RAN ("Repeated Associated Non-AUG Translation"), a sequência do RNA que será traduzida em proteína não é iniciada por AUG, mas por algum outro trinucleodídeo que se repete várias vezes no gene (excedendo o número normal de repetições), em função de alguma mutação (como acontece nas doenças causadas por repetições de nucleotídeos). Deste modo, podem ocorrer erros no processo de tradução.

 

Por exemplo, na sequência CAGCAGCAGCAGCAG..., em vez da leitura começar pelo aminoácido CAG, o mecanismo de tradução pode se confundir e iniciar a tradução por AGC (CAGCAGCAGCAGCAG...,), ou ainda por GCA (CAGCAGCAGCAGCAG...,). Este tipo de erro de tradução pode produzir proteínas diferentes das que eram esperadas daquele gene. Por exemplo, a sequência CAG codifica o aminoácido glutamina. Assim, uma sequência com várias repetições CAG vai criar uma proteína formada por poliglutaminas (= várias glutaminas) dentre outros aminoácidos.  Já a sequência AGC codifica o aminoácido serina, e a sequência GCA codifica o aminoácido alanina. Assim, se ocorrem os erros de tradução acima discutidos  podem ser criadas três proteínas com estruturas diferentes - poliglutamina (PolyGln), poliserina (PolySer) e polialanina (PolyAla) respectivamente, em vez apenas da poliglutamina que era esperada de uma sequência de repetições CAG. Esta síntese de proteínas adicionais por erro da tradução pode ter efeitos tóxicos, que criam problemas para as funções normais da célula, contribuindo para os sintomas da ataxia. Veja a Figura 3.

 

Este é um problema que não ocorre nos indivíduos que estão na faixa "normal" de repetições CAG (por exemplo), mas pode ocorrer nos indivíduos que herdaram a mutação genética com as repetições CAG expandidas. A propósito, este processo de erros na síntese de proteínas em função da Tradução RAN foi descoberto durante o estudo da ataxia SCA8, mas já se sabe que ocorre também em outras doenças causadas por repetições expandidas de trinucleotídeos, incluindo vários tipos de ataxias. 

Figura 3 crédito - NAF webinar Research and Treatment Development for SCA8,  Dr. Hannah Shorrock [8].

SCA8 RAN translation.png

Agora podemos entender melhor a razão de indivíduos com interrupções CGG dentro da repetição expandida CAG no gene ATXN8 por exemplo apresentarem maior risco de desenvolver sintomas da SCA8 - estas interrupções resultam em um número maior de erros de tradução RAN que geram proteínas tóxicas para as células [8] como ilustrado na Figura 4. Nos indivíduos que apresentam interruções CGG dentro da expansão são geradas mais proteínas RAN, o que aumenta a toxidade (contribuindo para a morte dos neurônios), elevando portanto a penetrância da doença nestes indivíduos.

Figura 4 crédito - NAF webinar Research and Treatment Development for SCA8,  Dr. Hannah Shorrock [8].

SCA8 RAN mais provável com interrupções.png

Em resumo:

  • Uma expansão CTG•CAG nos genes ATXN8OS/ATXN8 já é suficiente para colocar um indivíduo em risco de desenvolver a ataxia SCA8. Entretanto, a penetrância é baixa e muitos portadores da expansão não apresentam sintomas. 

  • Para portadores da mutação que causa a SCA8, o risco de desenvolver sintomas da ataxia é aumentado pela presença de interrupções CCG•CGG dentro da repetição expandida CTG·CAG.  Neste caso o risco de geração de proteínas RAN que são tóxicas é maior, contribuindo para a maior penetrância da ataxia SCA8 nestes indivíduos (manifestão de sintomas) e também maior probabiidade de ocorrer antecipação dos sintomas. 

Diagnóstico - O diagnóstico da SCA8 pode ser feito com teste genético molecular (exame de DNA) para detectar mutações nos genes ATXN8 e ATXN8OS (com expansões de repetições nos nucleotídeos CTG e CAG). O exame genético é especialmente recomendado recomendado se já houver alguém na família com diagnóstico fechado (histórico familiar positivo para SCA8). Antes da solicitação de testes genéticos, o neurologista tipicamente faz exames clínicos neurológicos para análise de sintomas que podem se manifestar na SCA8, além de avaliar histórico familiar. 

Observar que o diagnóstico pode ser difícil. ​Dado que em função da baixa penetrância da ataxia SCA8 não é certo que os sintomas da doença vão se manifestar mesmo nos indivíduos que são portadores da mutação, pode ocorrer que pais que permanecem assintomáticos transmitam os genes com mutação para gerações futuras, e em alguma destas transmissões a mutação poderá se expandir em função de sua instabilidade, podendo se tornar patológica e causar os sintomas da doença. Assim, o filho terá sintomas sem que exista histórico familiar da doença. Assim, o médico não deve descartar a possibilidade de SCA8 apenas pelo fato do paciente não ter histórico familiar, ou de nenhum dos pais ter apresentado sintomas da doença.

 

Informações para ajudar no diagnóstico diferencial da SCA8 (em relação aos outros tipos de ataxias espinocerebelares) podem ser encontradas na seção Differential Diagnosis da fonte [5].

Nota: Embora o diagnóstico por teste genético possa ser difícil, demorado e caro, ele é importante, pois permite um melhor aconselhamento genético para os familiares (risco de transmissão da mutação para futuras gerações na família), um melhor manejo da doença, que estará bem determinada, e também possibilita a participação do paciente em ensaios clínicos para medicamentos para ataxias específicas.

8. TERAPIAS E MEDICAMENTOS EM TESTES PARA A SCA8

9. TRATAMENTOS

A ataxia SCA8 ainda não tem cura, mas é possível tratar sintomas visando melhor qualidade de vida e fornecer apoio contínuo ao paciente. É importante que os pacientes com SCA8 sejam acompanhados por um neurologista e uma equipe médica multidisciplinar e especializada, com a inclusão gradual de novos profissionais de saúde na medida em que seja necessário em função dos sintomas (geneticista, neuro oftalmologista, fisioterapeuta neurofuncional, fisioterapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, nutricionista etc.). 

​Seguem algumas recomendações gerais para o manejo de sintomas na SCA8:

  • Fisioterapia neurofuncional, exercícios (sobretudo bicicleta ergométrica) e outras atividades físicas regulares (Yoga, Pilates, hidroginástica etc.) são recomendados (dentro das possibilidades de cada um).

  • Para reduzir o risco de quedas em função das dificuldades de equilíbrio ao caminhar pode-se adotar bengalas, andadores ou cadeira de rodas, dependendo do estágio da doença. 

  • Fisioterapia ocupacional e algumas adaptações em casa e nos hábitos diários podem ajudar (ex. instalar barras de apoio nos corredores e banheiros, cadeira para banho, luzes para iluminação noturna, reposicionar os móveis para facilitar a mobilidade, remover tapetes para não tropeçar, utilizar copos com tampa e canudo, calçados com sola antiderrapante e fáceis de calçar etc.). 

  • Descansar sempre que necessário, e é importante ter um sono noturno de boa qualidade. No caso de dificuldades para dormir, consultar o médico, pois há medicamentos que podem ajudar (por exemplo, óleo de Canabidiol).

  • Manter uma alimentação saudável e com boa hidratação.

  • Suplementos e vitaminas podem ser recomendados (consultar o médico para avaliar a necessidade - não consumir vitaminas e suplementos sem supervisão médica).

  • Convém controlar o peso para evitar dificuldades ainda maiores na mobilidade. 

  • No caso de Nistagmo, há medicamentos que podem ajudar. Consultar o neurooftalmologista no caso de aparecimento deste sintoma.

  • No caso de espasticidade, consultar o neurologista pois há medicamentos que podem ajudar (ex. Baclofeno).

  • Para a disartria, se tal sintoma se manifestar, recomenda-se terapia especializada de fala (fonoaudiologia). Dependendo do estágio pode-se avaliar o uso de dispositivos de assistência para a comunicação (disponíveis para smartphone, computador, iPad etc.). 

  • Para a disfagia, caso ocorra em estágios mais avançados da doença, também se recomenda consulta ao fonoaudiologista - há exercícios que podem ajudar na deglutição, reduzindo o risco de engasgos que possam causar pneumonia aspiratória. 

  • Evitar (tanto quanto possível) o estresse, que em geral piora os sintomas da ataxia.

  • Se necessário, há medicações para o manejo da ansiedade e da depressão. Procurar o médico para avaliar as alternativas mais adequadas.

Nota! Alguns pacientes com ataxias cerebelares diversas relatam benefícios e melhoria de sintomas de ataxia após sessões de neuromodulação ou estimulação cerebelar não invasiva, por exemplo, a estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS), ou estimulação magnética transcraniana (TMS) com fisioterapeutas certificados. Observar que embora já esteja sendo comercializada esta terapia ainda não foi aprovada pela FDA nos Estados Unidos (ou pela ANVISA no Brasil) para tratamento de ataxias (ou seja, trata-se de tratamento experimental e sem garantias).

Veja informações sobre medicamentos para sintomas de ataxias.

Veja informações sobre tratamentos e cuidados para os pacientes.
Veja informações para quem tem diagnóstico recente
Veja informações sobre Grupos de Suporte para pacientes e cuidadores.

10. REFERÊNCIAS 

Ref #1

Fonte:

NAF (National Ataxia Foundation)
© Copyright National Ataxia Foundation

Idioma:

Inglês

Data:

Revised 01/2018

Ref #2

Fonte:

NAF (National Ataxia Foundation)
© Copyright National Ataxia Foundation

Idioma:

Inglês

Data:

Não disponível

Ref #3

Fonte:

GARD - Genetic and Rare Diseases Information Center. 
Copyright © National Center for Advancing Translational Sciences - National Institutes of Health (NIH) ©.

Idioma:

Inglês

Data:

Last Updated: November 2023

Ref #4

Fonte:

NEUROMUSCULAR  DISEASE CENTER   (Alan Pestronk, MD)
Washington University, St. Louis, MO - USA     

Idioma:

Inglês

Data:

Ref #5

Fonte:

John Douglas Cleary, PhD, SH Subramony, MD, and Laura PW Ranum, PhD.NLM - GeneReviews © 1993-2019.
Copyright © GeneReviews is a registered trademark of the University of Washington, Seattle. 

Idioma:

Inglês

Data:

Last Update: April 22, 2021

Ref #6

Fonte:

OMIM® - An Online Catalog of Human Genes and Genetic Disorders.
Copyright © Johns Hopkins University.

Idioma:

Inglês

Data:

Edit History: terry : 12/22/2010

Ref #7

Fonte:

Presented by: Dr. Odinachi Oguh

YouTube - Copyright ® National Ataxia Foundation (NAF)

Idioma:

Inglês. É possível habilitar legendas e configurar tradução automática das legendas para outros idiomas.

Data:

Aug 18, 2023

Ref #8

Fonte:

Presented by: Dr. Hannah Shorrock

YouTube - Copyright ® National Ataxia Foundation (NAF)

Idioma:

Inglês. É possível habilitar legendas e configurar tradução automática das legendas para outros idiomas.

Data:

Aug 24, 2023

Ref #9

Fonte:

Barbara A Perez et al

Copyright ® EMBO Molecular Medicine 13: e14095

Idioma:

Inglês

Data:

Published online  11 October 2021

Ref #10

Fonte:

Written by Dr. Hannah K Shorrock - Edited by Dr. Larissa Nitschke

Copyright ® National Ataxia Foundation (NAF)

Idioma:

Inglês

Data:

Não disponível

Por favor, leia o Disclaimer.  Tradução para o idioma Inglês feita por Inteligência Artificial.

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