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Ficha FA
ATAXIA: 
FA ou FRDA (Ataxia de Friedreich)

GENES RELACIONADOS: 

FXN (proteína: frataxina)

TIPO DE MUTAÇÃO:

FXN -> Mutação por expansão GAA (96%) e mutação pontual por alteração ou deleção (4%)

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:

06/03/2025 por Márcio Galvão

LOCALIZAÇÃO:

Gene localizado no cromossoma 9 (9q21.11)

HERANÇA:

Autossômica Recessiva

Conteúdo gerado com apoio de IA Generativa. Revisão: Amália Maranhão

1. SOBRE A FA

A ataxia de Friedreich Ataxia (FA ou FRDA) é uma doença hereditária do sistema nervoso central. Seu nome é originado de Nikolaus Friedreich, o primeiro a descrever a doença em 1863, e foi a primeira forma de ataxia hereditária a ser diferenciada de outras formas de ataxias (ver Histórico em 7. Informações Adicionais).  

 

A doença é causada por mutações no gene FXN, que codifica a frataxina, uma proteína essencial para a homeostase do ferro mitocondrial. A mutação mais comum é a expansão anômala de repetições do trinucleotídeo GAA no primeiro intron do gene, reduzindo a expressão da frataxina. Sua deficiência provoca acúmulo de ferro nas mitocôndrias, aumentando o estresse oxidativo e comprometendo a produção de energia celular.

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Figura 1 - Imagem gerada pelo autor com apoio de Inteligência Artifcial

A FA é uma doença progressiva e incapacitante que afeta múltiplos sistemas, incluindo o neurológico, muscular e cardiovascular. A falta de frataxina torna o sistema nervoso, o miocárdio e outros órgãos, como o pâncreas, mais vulneráveis ao estresse oxidativo causado pelo ferro mitocondrial acumulado. Como parte da abordagem terapêutica, alguns pacientes com FA recebem suplementação com antioxidantes, como a coenzima Q10 e a vitamina E, na tentativa de reduzir os danos induzidos por radicais livres. Contudo, a eficácia desses tratamentos ainda é alvo de investigação científica.

SKYCLARYS

Em 28 de fevereiro de 2023, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o primeiro medicamento indicado para o tratamento da ataxia de Friedreich (FA): o SKYCLARYS (nome comercial do omaveloxolona), desenvolvido pela Reata Pharmaceuticals, que foi adquirida pela Biogen. Esta aprovação representou um marco significativo não apenas para os pacientes com FA—frequentemente chamados de "fredericos" na comunidade de pacientes—, mas também para aqueles afetados por outras formas de ataxia. Embora o Skyclarys tenha sido aprovado especificamente para a FA, o processo de avaliação adotado pela FDA, que combinou dados de ensaios clínicos com estudos de história natural da doença, estabeleceu um modelo potencialmente aplicável à aprovação de futuros tratamentos para outras ataxias hereditárias. Esse modelo pode incentivar outras empresas farmacêuticas a seguir estratégias semelhantes na busca por aprovação regulatória mais rápida de novos fármacos para doenças neurodegenerativas raras.

2. SINTOMAS TÍPICOS

Os sintomas típicos da FA incluem:

  • Dificuldades de equilíbrio.

  • Coordenação motora prejudicada nos membros superiores e inferiores.

  • Voz arrastada (disartria), que é usualmente um dos primeiros sintomas a se manifestar.

  • Fadiga, associada à redução da energia e à perda de massa muscular.

  • Deformidades esqueléticas, como curvatura da espinha (cifoscoliose) e arcos nos pés (pes cavus).

  • Diabetes mellitus (frequentemente exigindo tratamento com insulina).

  • Problemas cardíacos graves (cardiomiopatia hipertrófica e arritmias). 

  • Disfagia (dificuldades para a deglutição).

Notas

  1. Indivíduos afetados podem apresentar déficits de propriocepção, ou seja, dificuldades em perceber a posição dos pés e mãos no espaço, além de desenvolver fraqueza progressiva nos membros.

  2. Com a progressão da doença, alguns indivíduos podem desenvolver incontinência (dificuldade de controlar a bexiga).

  3. As capacidades cognitivas e intelectuais não são afetadas pela FA.

  4. A Diabetes mellitus é um distúrbio metabólico caracterizado pela dificuldade no controle dos níveis de glicose no sangue. Embora possa ser gerenciada por meio de dieta e monitoramento glicêmico, alguns pacientes necessitam de insulinoterapia.

  5. Alguns pacientes com FA desenvolvem movimentos rápidos e involuntários dos olhos chamados em Inglês de “square wave jerks”. Eles diferem do nistagmo por ter maior velocidade. 

  6. Hipotireoidismo pode estar presente em alguns pacientes.

  7. A perda progressiva de coordenação motora e força muscular pode levar à necessidade de dispositivos auxiliares de mobilidade. Muitos pacientes requerem bengalas, andadores ou cadeiras de rodas entre o final da adolescência e o início da vida adulta.

Importa ressaltar que estes sintomas não surgem obrigatoriamente em todos os pacientes com FA, e quando surgem, podem variar de manifestações mais leves até mais severas. Por exemplo, a diabetes ocorre em cerca de 10 a 20% dos pacientes com FA, e problemas de incontinência afetam 50% dos pacientes já em estágios mais avançados da doença.

A ataxia FA é uma doença bastante complexa. Para informações mais técnicas e detalhadas sobre características clínicas e sintomas, consultar [1] na Seção 10 (Referências).​

Tipos de mutações no gene FXN que afetam a produção de frataxina

  • De acordo com o website da FARA, aproximadamente 96% dos indivíduos com Ataxia de Friedreich (FA) apresentam uma expansão anormal do trinucleotídeo GAA em ambos os alelos do gene FXN. Esse aumento nas repetições, quando ultrapassa um determinado limiar, resulta no silenciamento do gene, ou seja, na inibição de sua expressão, impedindo a síntese adequada da proteína frataxina, fundamental para o funcionamento normal das mitocôndrias.

  • Nos cerca de 4% dos casos restantes, a expansão exagerada das repetições GAA ocorre em apenas um alelo, enquanto o outro apresenta uma mutação pontual. Essa mutação pontual pode se manifestar de duas maneiras:

    • Substituição: troca de um nucleotídeo (A, T, C ou G) por outro.

    • Deleção: ausência de uma sequência de nucleotídeos, resultando em uma seção deletada do gene.

Em ambos os casos, as alterações na sequência do gene comprometem a estrutura da proteína frataxina, de forma que sua função biológica é prejudicada.

Referências: [1], [2], [3], [4]

Resumindo (veja a Figura seguinte como referência):

  1. Relação entre repetições de GAA e produção de frataxina: Indivíduos com maior número de repetições GAA tendem a produzir menores quantidades de frataxina.

  2. Consequências da deficiência de frataxina: A diminuição da frataxina compromete a saúde, visto que a FA afeta múltiplos tecidos e sistemas. Isso sugere que a frataxina é necessária para o funcionamento adequado de diversos tipos celulares. 

  3. Importância das mitocôndrias: A frataxina é predominantemente localizada nas mitocôndrias, e a deficiência de frataxina leva a disfunções mitocondriais. Quase todas as células contêm mitocôndrias, organelas essenciais para a produção de energia celular. Essa função é particularmente crítica em células nervosas e cardíacas, onde a ineficiência mitocondrial pode resultar em baixos níveis de energia. 

  4. Sintomas da Ataxia de Friedreich: A disfunção mitocondrial decorrente da deficiência de frataxina culmina nos diversos sintomas observados na FA, afetando múltiplos sistemas do organismo.

Figura 2: Vídeo no Simpósio 2024 da FARA - FAQs in Clinical Management for Friedreich's Ataxia - Oct 24, 2024

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Faixas de repetição GAA para diagnóstico genético da FA

Como mencionado, é necessária uma mutação bialélica (= ambos os alelos do gene FXN precisam ter mutações) para que a FA se manifeste.  Sobre o tamanho da expansão GAA (quantidade de repetições) que é necessária para causar a doença, o assunto é bastante técnico, de modo que vamos apresentar um resumo. Os interessados em uma descrição mais detalhada podem consultar o portal Neuromuscular [1], que contém uma enorme quantidade de informações técnicas.

 

Com relação à quantidade de repetições GAA que podem ocorrer no gene FXN, foram identificadas quatro categorias em que os alelos podem se encaixar:

  • Alelos normais (a doença não se manifesta) - Contêm entre 5 e 33 repetições GAA. Mais de 80% dos alelos contêm menos de 12 repetições (normal pequeno), e aproximadamente 15% possuem de 12 até 33 repetições (normal longo). Alelos normais com mais de 27 repetições GAA são raros.

  • Alelos "normais mutantes" - Contêm entre 34 e  65 repetições GAA. Apesar da frequência exata destes alelos não ter sido ainda formalmente determinada, é provável que ocorram em menos de 1% dos alelos do gene FXN.

  • Alelos mutantes com penetrância total (causam a doença) - Contêm de 66 até aproximadamente 1.300 repetições GAA. A maior parte dos alelos expandidos contém entre 600 e 1.200 repetições GAA.

  • Alelos "borderline" (não é claro se causam a doença) - Contêm entre 44 e 66 repetições GAA. O MENOR número de repetições GAA que causa a doença (isto é, a demarcação exata entre "alelo normal" e "alelo mutante com penetrância total") ainda não está claramente determinado.

Nota: A fonte [1] apresenta faixas ligeiramente diferentes. 

Referências: [1], [2], [3], [4]

3. A IDADE DOS SINTOMAS

Os sintomas da Ataxia de Friedreich (FA) geralmente se manifestam na infância ou adolescência, tipicamente entre os 5 e os 25 anos de idade. Algumas fontes indicam que esse intervalo é mais restrito – por exemplo, [3] sugere uma faixa entre 5 e 18 anos, com a idade média de início dos sintomas ocorrendo entre 10 e 15 anos. Contudo, também foram relatados casos atípicos, com manifestação dos sintomas ocorrendo antes da infância ou em adultos, na faixa dos 30 ou 40 anos, ou mesmo em outras idades.

Nota - Existe uma correlação inversa entre a idade de início dos sintomas e o tamanho da expansão do trinucleotídeo GAA no gene FXN. Em outras palavras, quanto maior o número de repetições GAA, mais precoce tende a ser a manifestação dos sintomas. Estudos sugerem que um início mais precoce pode estar associado a uma progressão clínica mais rápida e a uma maior gravidade de determinados sintomas. Entretanto, além do tamanho da expansão GAA, outros fatores – como variáveis genéticas, epigenéticas e ambientais – também influenciam significativamente a severidade dos sintomas.

​​Referências: [2], [4], [5]

4. PODE OCORRER ANTECIPAÇÃO?

Na Ataxia de Friedreich, não se observa antecipação intergeracional dos sintomas, ou seja, os descendentes não apresentam o início dos sintomas em idades significativamente mais precoces do que os seus ancestrais. Esse padrão se deve à herança recessiva da doença, que frequentemente resulta na presença de indivíduos portadores assintomáticos em gerações anteriores, configurando a impressão popular de que a doença "pula gerações."

5. HERANÇA

A Ataxia de Friedreich (FA) apresenta um padrão de herança autossômica recessiva, o que implica que indivíduos de ambos os sexos possuem igual probabilidade de herdar a mutação. Os sintomas da doença se manifestam somente quando o indivíduo herda duas cópias mutadas do gene FXN – uma proveniente de cada progenitor. Caso o indivíduo herde apenas uma cópia mutada, ele é considerado portador (carrier) e não desenvolverá a doença, pois o alelo normal é suficiente para garantir níveis adequados de frataxina. Em contraste, a herança de duas cópias defeituosas do gene FXN resulta em deficiência de frataxina e, consequentemente, na manifestação clínica da doença ao longo da vida. (ver 3. Idade dos Sintomas). 

 

A menos que tenha feito testes genéticos em função do histórico familiar da doença, a maioria dos portadores pode não saber que carrega um gene FXN com mutação, já que não têm sintomas da doença. Assim, é comum que os pais somente descubram que são portadores do gene quando um de seus filhos é diagnosticado com FA (o que significa que ambos os pais biológicos são portadores). Como os pais portadores não têm sintomas da doença, mas os filhos que herdam dois genes mutantes têm, diz-se que a ataxia de Friedreich (assim como as demais doenças com transmissão autossômica recessiva)  "pula gerações".  

 

Probabilidade dos filhos herdarem a mutação que causa a doença 

Quando ambos os pais são portadores do gene FXN mutado, as probabilidades para cada filho são as seguintes:

  • 25% de probabilidade: o filho herda uma cópia mutada de cada progenitor, desenvolvendo a doença.

  • 50% de probabilidade: o filho herda apenas uma cópia mutada (de um dos pais), tornando-se portador assintomático.

  • 25% de probabilidade: o filho não herda nenhuma cópia mutada (nem do pai, nem da mãe), não desenvolvendo a doença nem sendo portador.

 

​Notas: "Autossômica" significa que o gene está localizado em qualquer cromossoma com exceção dos cromossomas sexuais X e Y.  Os genes, assim como os cromossomas, normalmente existem em pares (temos um par de cada gene, uma cópia do gene é herdada da mãe, outra do pai). Assim, homens e mulheres têm igual probabilidade de herdar um gene mutante que pode causar uma ataxia hereditária. "Recessiva" significa que duas cópias (alelos) com mutação do gene precisam ser herdadas (uma do pai biológico, outra da mãe) para que a pessoa desenvolva a doença. 

Figura 3 - Fonte: MedlinePlus, U.S. National Library of Medicine.

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6. PREVALÊNCIA

A Ataxia de Friedreich (FRDA) é a forma mais comum de ataxia hereditária de herança recessiva com início dos sintomas na infância. Nos Estados Unidos, estima-se que aproximadamente 1 em cada 100 indivíduos seja portador assintomático de uma mutação no gene FXN, geralmente sem conhecimento dessa condição. A prevalência da doença em sua forma manifesta, ou seja, em indivíduos com duas cópias mutadas do gene FXN, sintomáticos, é estimada em 1 para cada 50.000 pessoas. Esses dados de prevalência podem variar conforme a região geográfica e diferentes grupos étnicos ao redor do mundo.

Nota: Tomando como referência a proporção 1/50.000 podemos estimar que no Brasil, com cerca de 214 milhões de habitantes, existam aproximadamente 4.000 pessoas afetadas pela ataxia de Friedreich. Para os Estados Unidos o site da FARA estima a existência de 5.000 pessoas com FA [3]. Esse número será maior se for levado em conta que a população atual dos EUA é de 330 milhões de habitantes. Com uma proporção de 1 caso para cada 50.000 habitantes o total estimado seria mais próximo de 6.000 pessoas com FA. 

7. INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Histórico da Descoberta e Avanços na Pesquisa da Ataxia de Friedreich

  • Em 1988, a pesquisadora Susan Chamberlain [8] e colaboradores localizaram o gene associado à Ataxia de Friedreich no cromossomo 9, um avanço significativo que representou o primeiro passo para a compreensão dos fundamentos genéticos da doença.

  • Em 1996, uma equipe internacional de cientistas, liderada pelo Dr. Massimo Pandolfo, anunciou a identificação do gene responsável pela Ataxia de Friedreich, atualmente denominado FXN. Essa descoberta esclareceu a causa genética da doença, acelerou as pesquisas sobre sua fisiopatologia e permitiu o desenvolvimento de um teste genético específico para diagnóstico.

  • No ano seguinte, em 1997, pesquisadores demonstraram que a frataxina, proteína codificada pelo gene FXN, está localizada nas mitocôndrias, organelas essenciais para a produção de energia celular. Essa constatação direcionou esforços para o estudo da disfunção mitocondrial como alvo terapêutico.

  • Em junho de 1999, foi desenvolvido um modelo murino (mouse model) com expansão da repetição GAA no gene FXN, permitindo estudos experimentais sobre os efeitos da deficiência de frataxina e o impacto da mutação na função celular.

  • Em fevereiro de 2023, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o Skyclarys (omaveloxolone), o primeiro medicamento destinado ao tratamento da Ataxia de Friedreich, desenvolvido pela Reata Pharmaceuticals, posteriormente adquirida pela Biogen.

  • Em março de 2024, a Biogen submeteu o pedido de registro do Skyclarys à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), visando sua aprovação para uso no Brasil.

 

O papel da frataxina 

  • Estudos conduzidos pela equipe do Dr. Massimo Pandolfo, entre outros pesquisadores confirmam que a frataxina desempenha um papel fundamental na regulação do metabolismo do ferro dentro das mitocôndrias. O ferro é um elemento essencial para a produção de energia celular, sendo incorporado em proteínas mitocondriais envolvidas na cadeia respiratória e na biossíntese de grupos ferro-enxofre, fundamentais para diversas reações bioquímicas.

  • As células obtêm ferro do ambiente e controlam sua absorção por meio de mecanismos regulatórios na membrana celular. Uma vez dentro da célula, parte do ferro é direcionada para as mitocôndrias, onde desempenha funções essenciais. No entanto, o ferro também precisa ser exportado das mitocôndrias para o restante da célula, evitando acúmulos prejudiciais.

  • A frataxina está possivelmente envolvida na exportação do ferro mitocondrial, facilitando seu armazenamento em compartimentos celulares apropriados para posterior redistribuição. A deficiência de frataxina leva a um acúmulo patológico de ferro nas mitocôndrias, o que pode resultar em estresse oxidativo devido à formação excessiva de radicais livres. Esses radicais são moléculas altamente reativas que podem causar danos oxidativos às proteínas, lipídios e DNA mitocondrial, comprometendo a função celular.

  • Além do dano direto às mitocôndrias, há evidências de que a homeostase do ferro celular também seja afetada indiretamente. Como o ferro fica aprisionado nas mitocôndrias, os sensores celulares podem não detectar sua presença em níveis adequados, induzindo um aumento compensatório na captação de ferro. Esse ciclo vicioso pode amplificar ainda mais o acúmulo mitocondrial e o estresse oxidativo, agravando a disfunção celular.

  • Potenciais opções terapêuticas incluem drogas para remover o ferro das mitocôndrias (quelação de ferro) ou drogas para neutralizar os radicais livres (antioxidantes, como a coenzima Q10).

Ver Seção 8. Terapias e medicamentos.

Referência: [9]

8. TERAPIAS E MEDICAMENTOS EM TESTES PARA ESTA ATAXIA

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Figura 4 Imagem adaptada de [10] pelo autor. A seta indica uma linha do tempo, mostrando o quanto o remédio ou terapia está "próximo" de chegar ao mercado (americano, no caso).

Além do SKYCLARYS, que melhora a função mitocondrial e reduz o estresse oxidativo e já está aprovado pela FDA, há vários outros medicamentos e terapias em estudo visando a aprovação pela FDA,

Segue um resumo dos principais ensaios clínicos em andamento (outubro 2024):

 

Aprovados pelo FDA  (Disponível para pacientes no mercado americano)

SKYCLARYS (omaveloxolone) Biogen

Em FASE III de análise pela FDA (Ensaio definitivo para solicitar aprovação)

Vatiquinone (PTC-743, PTC Therapeutics). 

Em FASE II de análise pela FDA (Testes de segurança e eficácia em humanos)

NAD+ and Exercise in FA (Children’s Hospital of Philadelphia)

Leriglitazone (MIN-102), Minoryx Therapeutics

Dimethyl Fumarate (University of Federico II)

Nomlabofusp (CTI-1601), Larimar Therapeutics

Em FASE I/II de análise pela FDA

Elamipretide (Children's Hospital of Philadelphiia)

​LX2006 Gene Therapy (Lexeo Therapeutics)

Em FASE I de análise pela FDA (Teses de segurança em seres humanos)

​ASP2016 (Astellas Gene Therapies)

Em estágio PRÉ-CLINICO (testes em laboratório, ainda sem envolver pacientes humanos)

​DT-216P2 (Design Therapeutics)

PPL-001 (Papillon Therapeutics)

AVB-202-TT Gene Therapy (Solid Biosciences)

Neurocrine Biosciences / Voyager Therapeutics AAV-Gene Therapy
FA212 (FA212/UPenn)

Veja os vídeos da FARA (Friedreich's Ataxia Research Alliance) FA Symposium 2024 mais adiante.

9. TRATAMENTOS

A ataxia de Friedreich ainda não tem cura, mas é possível tratar seus sintomas.

  • O medicamento SKYCLARYS tem potencial para retardar a progressão da doença

  • O monitoramento da saúde do coração nos pacientes com Ataxia de Friedreich é importante, por conta dos riscos de cardiomiopatia hipertrófica e arritmias.

  • Idem para o caso de desenvolver Diabetes mellitus, que pode requerer tratamento com insulina.

Veja os vídeos para mais informações sobre manejo de sintomas da FA na seção 10. Referências.

​​

Seguem algumas boas práticas para o manejo de sintomas de FA.

  • Fisioterapia neurofuncional e exercícios são recomendados (dentro das possibilidades de cada paciente).

  • Para reduzir o risco de quedas em função das dificuldades de equilíbrio ao caminhar pode-se adotar bengalas, andadores ou cadeira de rodas, dependendo do estágio da doença. 

  • Fisioterapia ocupacional e algumas adaptações em casa e nos hábitos diários podem ajudar (ex. instalar barras de apoio nos corredores e banheiros, cadeira para banho, luzes para iluminação noturna, reposicionar os móveis para facilitar a mobilidade, remover tapetes para não tropeçar, utilizar copos com tampa e canudo, calçados com sola antiderrapante e fáceis de calçar etc.). 

  • Descansar sempre que necessário, e é importante ter um sono noturno de boa qualidade. No caso de dificuldades para dormir, consultar o médico, pois há medicamentos que podem ajudar.

  • Manter uma alimentação saudável e com boa hidratação.

  • Consultar o neurooftalmologista no caso de aparecimento de sintomas visuais.

  • Para a disartria, se tal sintoma se manifestar, recomenda-se terapia especializada de fala (fonoaudiologia). 

  • Para a disfagia, caso ocorra, também se recomenda consulta ao fonoaudiologista - há exercícios que podem ajudar na deglutição, reduzindo o risco de engasgos que possam causar pneumonia aspiratória. 

  • Se necessário, há medicações para o manejo da ansiedade e da depressão. Procurar o médico para avaliar as alternativas mais adequadas.

Veja informações sobre tratamentos e cuidados para os pacientes.
Veja informações para quem tem diagnóstico recente
Veja informações sobre Grupos de Suporte para pacientes e cuidadores.

Atenção! Para uma fonte bastante abrangente sobre sintomas e manejo (cuidados clínicos) de pacientes com Ataxia de  Friedreich,consultar o documento da FARA (Friedreich's Ataxia Research Allance) 

Clinical Management Guidelines for Friedreich Ataxia (FRDA) - 2022

​O conteúdo é em Inglês, mas é possível habilitar legendas e configurar tradução automática do texto para Português.

Como leitura complementar, recomenda-se o site

Compreendendo a FA - NAVEGANDO NA JORNADA DA ATAXIA DE FRIEDREICH

Que tem versões em diferentes idiomas, inclusive o Português.

10. REFERÊNCIAS 

As referências abaixo englobam fontes acadêmicas e de organizações especializadas que embasaram as informações desta ficha técnica, incluindo artigos revisados por pares, repositórios genéticos – OMIM, resumos de literatura – GeneReviews, e materiais informativos de fundações de ataxia. Para mais informações, consulte a lista de Referências do ataxia.info

Artigos

Ref #1

Fonte:

NEUROMUSCULAR  DISEASE CENTER   (Alan Pestronk, MD)
Washington University, St. Louis, MO - USA     

Idioma:

Inglês

Data:

Ref #2

Fonte:

FRDA Fact Sheet 

NAF (National Ataxia Foundation) 

Idioma:

Inglês

Data:

Last Updated: Oct 2024

Ref #3

Fonte:

FARA

Friedreich's Ataxia Research Alliance

Idioma:

Inglês (a página pode ser exibida em diversos idiomas, inclusive o Português)

Data:

Last Updated: 2024

Ref #4:

Fonte:

Sanjay I Bidichandani, MBBS, PhD and Martin B Delatycki, MBBS, FRACP, PhD.

Copyright © GeneReviews. GeneReviews ® is a registered trademark of the University of Washington, Seattle. 

Idioma:

Inglês

Data:

Last Update: June 1, 2017

Ref #5:

Fonte:

Portal FARA

Potencializando a pesquisa para tratar a Ataxia de Friedreich

Idioma:

Inglês (a página pode ser exibida em diferentes idiomas, inclusive o Português)

Data:

2024

Ref #6

Fonte:

GARD - Genetic and Rare Diseases Information Center. 
Copyright © National Center for Advancing Translational Sciences - National Institutes of Health (NIH).

Idioma:

Inglês

Data:

Last Updated: February 2023

Ref #7:

Fonte

OMIM ® - An Online Catalog of Human Genes and Genetic Disorders.
Copyright © Johns Hopkins University.

Idioma:

Inglês

Data:

Edit history: alopez : 01/26/2024

Ref #8:

Fonte

Susan Chamberlain et al
Nature

Idioma:

Inglês

Data:

Published: 21 July 1988

Ref #9:

Fonte

Portal da ABAHE

Seção sobre a Ataxia de Friedreich

Idioma:

Português

Data:

2020

Ref #10:

Fonte

Site da FARA

Pipeline de desenvolvimento de medicamentos

Idioma:

Inglês (a página pode ser exibida em diversos idiomas, inclusive em Português)

Data:

2024

Vídeos

Vídeo:

Autor/site:

NAF (National Ataxia Foundation) - Dr. Marek Napierala

Idioma:

Inglês. É possível habilitar legendas e configurar tradução automática das legendas para português.

Data:

March 17th, 2023

Vídeo:

Autor/site:

NAF (National Ataxia Foundation) - Dr. David Lynch

Idioma:

Inglês. É possível habilitar legendas e configurar tradução automática das legendas para português.

Data:

March 6th, 2023

logo FARA.png

FARA (Friedreich's Ataxia Research Alliance)

FA Symposium 2024  (conteúdo público no YouTube)
CanaL da FARA: https://www.youtube.com/@CureFA

É possível ativar legendas e habilitar a tradução para o Português

Por favor, leia o Disclaimer.  

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