Ficha Episódicas
ATAXIA:
Ataxias Episódicas (EA1, EA2, EA3, EA4, EA5, EA6, EA7, EA8)
GENES RELACIONADOS:
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TIPO DE MUTAÇÃO:
Diversos
FONTE:
NAF Episodic Fact Sheet e fontes indicadas
LOCALIZAÇÃO:
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ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
16/04/2023 por Márcio Galvão
1. SOBRE AS ATAXIAS EPISÓDICAS
O termpo "ataxia episódica" abrange um grupo de ataxias - doenças hereditárias do sistema nervoso central, que podem ser resultado de mutações genéticas que causam danos em fibras nervosas específicas envolvidas no transporte de mensagens do e para o cérebro, e necessárias para controlar os movimentos do corpo. Como o nome sugere, uma ataxia episódica é clinicamente caracterizada por episódios (crises, ataques) temporários de ataxia. Os sintomas, a duração dos episódios, a severidade e os "gatilhos" que podem causar os episódios podem variar dependendo do tipo de ataxia. Normalmente, a pessoa fica sem sintomas durante estes episódios. Até o momento foram reconhecidos oito tipos diferentes de ataxias episódicas, cada um podendo ter alguns sintomas diferenciados.
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EA1 - Ataxia Episódica Tipo 1 (Episodic Ataxia Type 1)
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EA2 - Ataxia Episódica Tipo 2 (Episodic Ataxia Type 2)
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EA3 - Ataxia Episódica Tipo 3 (Episodic Ataxia Type 3)
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EA4 - Ataxia Episódica Tipo 4 (Episodic Ataxia Type 4)
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EA5 - Ataxia Episódica Tipo 5 (Episodic Ataxia Type 5)
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EA6 - Ataxia Episódica Tipo 6 (Episodic Ataxia Type 6)
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EA7 - Ataxia Episódica Tipo 7 (Episodic Ataxia Type 7)
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EA8 - Ataxia Episódica Tipo 8 (Episodic Ataxia Type 8)
Além dos 8 tipos listados acima, há também:
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Ataxia Episódica com Coréia Proximal (cloreoatose paroximal) e Espasticidade.
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Ataxia Episódica com início tardio dos sintomas (neste caso o surgimento dos sintomas ocorre após os 60 anos de idade, tipicamente sem histórico familiar e progressão lenta).
As ataxias episódicas mais bem caracterizadas são a EA1 e a EA2, os outros seis tipos são muito raros (embora a EA1 e a EA2 também sejam doenças raras),
2. SINTOMAS TÍPICOS
Os sintomas das ataxias episódicas podem variar consideravelmente de família para família, e mesmo de indivíduo para indivíduo dentro de uma mesma família. Os sintomas mais comuns incluem episódios típicos de ataxia (dificuldades com equilíbrio e coordenação) e fala pouco clara ou arrastada (disartria), sendo as crises intercaladas com períodos de funcionamento neurológico normal ou quase normal. Os episódios são usualmente causados por "gatilhos" como exercícios. excitação emocional, mudanças rápidas de postura ou, em alguns casos, alimentação rica em carboidratos.
Durante os episódios, dependendo do tipo da ataxia, também são reportados como sintomas a náusea, vômitos, enxaquecas e zumbido nos ouvidos (tinnitus). Algumas pessoas podem ter vários ataques por dia, enquanto outros podem ter um ou dois episódios em um ano (fonte: GARD).
Ataxia EA1 - No caso da EA1 , os episódios são normalmente associados com contrações musculares e são em geral breves, durando apenas alguns segundos ou minutos. Outros sintomas podem incluir falta de coordenação e equilíbrio, com movimentos involuntários e rápicos dos músculos (mioquimia), e/ou espasmos musculares. Podem ocorrer contrações ou tremores na face e nas mãos. A mioquimia também pode se manifestar entre ataques.
Ataxia EA2 - Na EA2, os ataques demoram mais, variando de 30 minutos até seis horas. Os sintomas normalmente incluem fraqueza muscular, instabilidade do dorso, e possivelmente tontura e fadiga. Movimentos oculares involuntários (nistagmo) são comuns entre os episódios de EA2. Contrações musculares normalmente não ocorrem na EA2, porém rigidez e distonia podem se manifestar. A EA2 é o subtipo mais comun dentre as ataxias episódicas.
Ataxia EA3 - Os sintomas da EA3 são similares aos da EA1, exceto pela presença do zumbido nos ouvidos (tinnitus).
Ataxia EA4 - Os sintomas da EA4 são similares aos da EA2, exceto pela ausência de nistagmo.
Ataxia EA5 - Na EA5 podem ocorrer convulsões (seizures).
Ataxia EA6 - Os sintomas típicos incluem convulsões, hemiplegia (paralisia em um dos lados do corpo) e enxaqueca.
Ataxia EA7 - Os sintomas da EA7 são similares aos da EA2, exceto pelo nistagmo.
Ataxia EA8 - Os sintomas da EA8 envolvem mioquimias e tremores de intenção persistentes.
Para informações mais detalhadas sobre sintomas, consultar https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7555854/
Na Ataxia Episódica com Coréia Proximal (cloreoatose paroximal) e Espasticidade os ataques duram em geral cerca de 20 minutos e envolvem falta de equilíbrio e movimentos musculares descoordenados, distonia nos braços, pernas e/ou dedos, e uma sensação de "queimação" nas pernas e em volta da boca.
Visão dupla (diplopia) e dores de cabeça também são possíveis. Em alguns casos, pode haver contrações musculares involuntárias e paralisia temporária da parte inferior do corpo e das pernas, persistindo entre episódios. Em adição ao estresse, excitação emocional e esforço, os ataques podem ser causados por álcool ou fadiga.
3. A IDADE DOS SINTOMAS
Os sintomas das ataxias episódicas tipicamente surgem (onset) da infância até o início da idade adulta, sendo que a faixa de idade mais provável varia com o tipo de ataxia. Por exemplo,
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Na EA4 os sintomas em geral se manifestam entre os 30 e 60 anos de idade.
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Na EA7 os sintomas também tende a se manifestar na idade adulta.
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Na EA8 os sintomas podem surgir na infância.
Notas
1. Apesar de ainda não existir cura para as ataxias episódicas, em alguns casos os sintomas podem reduzir ou mesmo desaparecer mais tarde na vida, em alguns casos ainda no início da idade adulta. Em outros casos, os sintomas continuam durante a idade mais avançada.
2. A condição não diminui o tempo de vida e os sintomas em geral podem ser reduzidos ou eliminados com medicamentos.
4. PODE OCORRER ANTECIPAÇÃO?
ND
5. HERANÇA
As ataxias episódicas são doenças autossômicas dominantes. Isto significa que indivíduos de ambos os sexos têm a mesma probabilidade de herdar o gene e desenvolver a enfermidade, e que ela passa diretamente de uma geração para outra sem saltar gerações. Um filho de uma pessoa com ataxia episódica tem uma probabilidade de 50% de herdar o gene alterado.
Observar que "herdar o gene alterado" não é a mesma coisa que "vai desenvolver a doença". É possível que uma pessoa herde uma variante patogênica de um gene e não desenvolva a doença (não apresente sintomas), mas em geral, os filhos que herdam um gene dominante vão desenvolver a doença,
Nota - "Autossômica" significa que o gene está localizado em qualquer cromossoma com exceção dos cromossomas sexuais X e Y. Os genes, assim como os cromossomas, normalmente existem em pares (temos um par de cada gene, uma cópia do gene é herdada da mãe, outra do pai). "Dominante" significa que apenas uma cópia do gene responsável (um alelo) herdada do pai ou da mãe é suficiente para transmitir uma característica física (como a cor dos olhos), ou uma doença genética (como as ataxia hereditárias) de uma geração (pais) para a seguinte (filhos). "Mutação" é um termo antigo que ainda é utilizado para indicar uma "variante patogênica" de um gene (isto é, uma variação que pode causar o aparecimento de doenças genéticas.

6. PREVALÊNCIA
A prevalência das ataxias episódicas não é conhecida. Com base em dados limitados, a prevalência sugerida para a EA1 foi de 1 caso para 500,000 habitantes, embora o valor real deva ser maior, em função da subnotificação por falta de diagnósticos. As populações que estão em maior risco para esta ataxia também não são conhecidas.
Fonte :https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK25442/
Algumas das ataxias episódicas (EA7, EA8) são extremamente raras, em alguns casos foram reportadas em uma única família.
7. INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Genes já identificados para ataxias episódicas
As ataxias episódicas são desordens complexas, com uma alta variabilidade de fenótipos que podem estar associados com diferentes mutações em um mesmo gene. Para alguns tipos o gene cuja mutação pode causar a doença já foi identificado (ataxias EA1, EA2, EA5 e EA6), para outros ainda não.
Ataxia EA1 - gene KCNA1
Ataxia EA2 - gene CACNA1A
Ataxia EA3 - ?
Ataxia EA4 - ?
Ataxia EA5 - Suspeita-se que o gene envolvido seja o CACNB4 (??)
Ataxia EA6 - gene SLC1A3
Ataxia EA7 - ?
Ataxia EA8 - Suspeita-se que a EA8 possa estar relacionada com variantes em dois genes, o UBR4 (??) e o SPG2 (??).
Nota: Uma mutação diferente no gene CACNA1A que causa a ataxia episódica EA2 (localizado no cromossoma 19) é responsável pela ataxia espinocerebelar tipo 6 (SCA6), e os sintomas da EA2 e da SCA6 podem ser parecidos, especialmente nos estágios iniciais da SCA6. O mesmo gene (com uma outra alteração) também pode causar a Enxaqueca Hemiplégica Familiar tipo 1 (FHM1).
Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7555854/
8. TERAPIAS E MEDICAMENTOS EM TESTES PARA ESTAS ATAXIAS
Há medicamentos para diversos sintomas das ataxias episódicas, que devem ser prescritos por médicos.
Em um estudo piloto em um ensaio clínico experimental, o remédio 4-Aminopyridine (4-AP) (um bloqueador do canal de potássio) mostrou ser efetivo em reduzir a frequência dos episódios da EA2, e melhorar o bem estar dos pacientes. Vários medicamentos também foram testados para a EA1, com resultados variados (ex. antiepiléticos como a carbamazepine e lamotrigine).
Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7555854/
9. TRATAMENTOS
As ataxias episódicas ainda não têm cura, mas é possível tratar seus sintomas.
Veja informações sobre tratamentos e cuidados para os pacientes.
Veja informações para quem tem diagnóstico recente.
Veja informações sobre Grupos de Suporte para pacientes e cuidadores.
10. REFERÊNCIAS (para saber mais sobre as ataxias episódicas)
Artigo:
Autor/site:
Idioma:
Data:
GARD - Genetic and Rare Diseases Information Center
Inglês
Last Updated: February 2023
Artigo:
Autor/site:
Idioma:
Data:
GARD - Genetic and Rare Diseases Information Center
Inglês
Last Updated: February 2023
Artigo:
Autor/site:
Idioma:
Data:
OMIM (Online Mendelian Inheritance in Man)
Inglês
Last Updated: April 26, 2021
Artigo:
Autor/site:
Idioma:
Data:
Paola Giunti, Elide Mantuano and Marina Frontali
Inglês
2020 Sep 5
Artigo:
Autor/site:
Idioma:
Data:
Kwang-Dong Choi and Jae-Hwan Choi
Inglês
2016 Sep 21
Artigo:
Autor/site:
Idioma:
Data:
OMIM (Online Mendelian Inheritance in Man)
Inglês
2016 Sep 15
Artigo:
Autor/site:
Idioma:
Data:
OMIM (Online Mendelian Inheritance in Man)
Inglês
2016 Jun 6